sábado, 20 de outubro de 2007

Os Meios de Comunicação e o [Des]Controle Social


A cada dia, os Meios de Comunicação de Massas (MCM’s) inovam com o desenvolvimento tecnológico. No entanto, esse progresso que, à primeira vista, só traria benefícios aos usuários/telespectadores esconde a face mais obscura do poder exercido pela mídia e pelos demais meios de comunicação: o [Des]controle social.

Afirmar que os MCM’s exercem controle sobre as “massas de indivíduos” [telespectadores, usuário da rede internacional de computadores, dentre outros] é homogeneizar, generalizar demais; é um absurdo...É o mesmo que dizer que inexistem pessoas capazes de filtrar, psicologicamente, as idéias e as diversas mensagens e ideologias veiculadas por tais meios [e por que não dizer meios de controle e/ou descontrole social, visto que, de certa forma, os MCM’s exercem, sobre uma grande maioria que não possui cognição suficiente para perceberem quão manipulados são, um controle ideológico, conceitual: míope].

Atualmente, um espaço onde se pretenda discutir assuntos ligados à realidade em que vivemos - um espaço onde se discuta os problemas sociais, políticos e econômico, as inúmeras crises e escândalos pelas quais passa o Governo brasileiro, por exemplo - em agências/empresas de notícias, na mídia em geral estão extintos, pois, estas empresas/veículos visam, acima de tudo [eu diria somente], o lucro e muitos destes [todo(a)s, ao meu ver] possuem o "rabo preso" com empresas, com partidos políticos e com tudo quanto tenha o dinheiro como finalidade.

O descontrole social, decorrente do controle [alienação] de muitos indivíduos pela mídia e MCM’s, está no fato de que a atenção dessas pessoas para o que é realmente importante acaba sendo desviada para “espetáculos ilusionistas”, para uma amostra fantástica da realidade [uma realidade mascarada, maquiada]. Como exemplo desses mecanismos de controle, temos as novelas, a Malhação [“Folhetim da tarde”, se que se pode dizer assim, de péssima qualidade, na minha opinião], programas humorísticos com falso fundo de criticidade...Enfim...Tudo isso faz-nos faz rememorar a chamada Política do Pão e Circo, implantada pelo Imperador César, exercida no Antigo Império Romano. Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios ( o mais famoso foi o Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.

Hoje, de forma similar, o Brasil comporta milhões de desempregados. A grande maioria destes estão conformados com essa situação. Muitos já cruzaram os braços e tentam justificar essa atitude com a frase mais comumente usada por aqueles que se renderam à miséria e a pobreza, à condição social a que foram submetidos [frutos de grandes disparidades sociais; desfavorecidos; pessoas que não conseguem uma tão sonhada oportunidade]: “não adianta, emprego está difícil para todo mundo”.

Mas, por onde começar alguma(s) transformação(ões)? De onde tirar forças para lutar contra esse sistema injusto, onde os ricos cada vez mais enriquecem e os pobres tornam-se mais miseráveis ainda [Essa afirmação sempre nos remete ao “Xibom Bom Bom” do extinto grupo musical As Meninas. Seria, portanto, a irreverência a melhor maneira de enfrentarmos as dificuldades!?]?. O que fazer? Por isso, não devemos ser tão radicais e até desumanos a ponto de criticarmos as pessoas que, por não terem outra opção [por não terem educação, por não terem seu direitos respeitados, por não terem emprego, por não terem..., por não terem...,por não terem...], conformam-se com as “regalias” [migalhas] dessa “Política de Pão e Circo brasileira ”: afinal este é o país que mais exporta novelas, por isso devemos nos orgulhar [“a diversão do povo”], é também um dos poucos países onde uma grande massa de pobres é beneficiada com os “grandes Programas Assistenciais do Governo Federal” – Bolsa Escola, Bolsa Família, Vale Gás, por exemplo [“Alimentação para o povo”]...

Deixo, portanto, essa indagação: nós, brasileiros, retrocedemos ou a Política de Pão e Circo é que é um verdadeiro anacronismo para o Antigo Império Romano?

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