
Os biólogos desenvolveram uma técnica para a criação de colônias de células-tronco humanas embrionárias a partir de um embrião humano sem destruí-lo. O método, caso seja confirmado em outros laboratórios, parece à primeira vista acabar com a principal objeção à pesquisa. Os cientistas dizem que o novo método, que está sendo anunciado por pesquisadores da Advanced Cell Technology nesta quinta-feira (24/08) no site da revista "Science", poderia fornecer um motivo para a redução das restrições ao financiamento federal das pesquisas com células-tronco humanas embrionárias.
Mas os críticos de tais pesquisas fizeram outras objeções, incluindo o possível risco ao embrião e o procedimento de fertilização in vitro em si, no qual embriões são gerados a partir de um óvulo e um espermatozóide. "Não existe nenhuma razão racional para que alguém se oponha a esta pesquisa", afirma o médico Robert Lanza, vice-presidente da Advanced Cell Technology, cuja sede fica em Worcester, Massachusetts, e líder da equipe de pesquisas. O desenvolvimento científico poderia intensificar o debate político sobre as células-tronco, e aumentar a importância dessa questão para as eleições parlamentares deste ano. Alguns candidatos já estão fazendo dessa pesquisa um tema central.
As células-tronco humanas embrionárias, que dão origem a todas as células e tecidos do corpo, causaram empolgação em meio aos cientistas e grupos de defensores dos direitos dos pacientes, por serem uma fonte potencial para novos tratamentos de doenças como Alzheimer, Parkinson e diabetes. Alguns cientistas especularam que o presidente Bush poderia aprovar o novo método, já que evitaria a principal objeção do presidente à pesquisa e demonstraria que ele esteve certo o tempo todo ao aguardar pelo surgimento de uma técnica melhor. Mas Emily Lawrimore, porta-voz da Casa Branca, sugeriu que a nova técnica não anularia as objeções de Bush, que em julho passado vetou um projeto de lei para a expansão das pesquisas com células-tronco embrionárias financiadas com verbas públicas federais. Embora Lawrimore tenha dito que é encorajador o fato de os cientistas estarem se distanciando da destruição de embriões, ela afirmou: "Qualquer utilização de embriões humanos para objetivos de pesquisa gera sérias questões de ordem ética. Essa técnica não resolve tais preocupações".
No ano passado, Lanza anunciou que culturas de células-tronco embrionárias poderiam ser obtidas a partir de blastômeros de ratos, uma descoberta confirmada por outros cientistas. Atualmente ele diz que o mesmo pode ser feito com blastômeros humanos, e que as colônias de células se comportam da mesma forma que aquelas derivadas dos blastócitos.Embora tenha usado embriões humanos descartados, Lanza disse que qualquer pesquisador que deseje obter células-tronco humanas embrionárias sem destruir um embrião poderia usar um blastômero removido para o exame conhecido como diagnóstico genético pré-implante, ou PGD, na sigla em inglês. "Ao cultivar de um dia para o outro a célula obtida para biópsia, as células resultantes poderiam ser usadas tanto para o PGD quanto para a criação de células-tronco sem que isso afetasse as probabilidades de geração de uma criança", afirma Lanza.
[...]O médico James Battey, diretor da força-tarefa de células-tronco do Instituto Nacional de Saúde, diz que não está claro se o novo método seria compatível com a restrição congressual, já que a remoção de um blastômero submete o embrião a um certo risco. Mas os embriões que foram submetidos ao exame genético pareceram tão saudáveis quanto os outros bebês gerados a partir da fertilização in vitro.
Bush permitiu o financiamento federal com células-tronco humanas embrionárias, contanto que estas tivessem sido criadas antes de 9 de agosto de 2001. Embora tal medida possa dar a impressão de inviabilizar a criação de qualquer nova linhagem de células derivadas de blastômeros, Battey afirma que isso não está claro, já que o embrião não seria destruído, e diz que procurará orientação quanto a esse ponto. A política federal não afeta as pesquisas com células-tronco financiadas pela iniciativa privada, como aquelas feitas pela Advanced Cell.
Os críticos fazem uma série de objeções à criação de linhagens de células-tronco humanas embrionárias com o novo método. Os bispos católicos, em particular, se opõem tanto à fertilização in vitro quanto ao diagnóstico genético pré-implante, e, portanto, ainda fazem objeções à pesquisa, mesmo que as células sejam criadas a partir de um embrião que não será destruído.
Fonte: The
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